segunda-feira, 4 de maio de 2009

CÂMERA INDISCRETA


Coisa de irmãs.


Desde que o mundo é mundo os irmãos aprontam uns para os outros. Via de regra o mais velho sempre leva a pior, claro que toda a regra tem a sua exceção. O caso que passo a relatar-vos simplesmente não fugiu à regra geral, sem contar que teve seu epílogo de forma inusitada e criativa.


Duas irmãs com diferença etária de, segundo sei, 7 ou 8 anos.


A mais nova, como sempre, aprontava coisas do arco da velha e a mais velha, também como sempre, era o "Cristo" da história.


Eis que cansada de ser o "bode expiatório" das peraltices da irmã mais nova, a garota resolveu apelar para a tecnologia aliada à engenhosidade de quem já está calejada por carregar a "cruz" alheia.


Criou um Big Brother caseiro e particular filmando (sem cortes e sem edição é claro) as aventuras da irmã, que segura da impunidade habitual, seguiu a sua saga de traquinagens, certa de que a maninha mais velha levaria, como de praxe, o castigo materno que lhe caberia.


Só que desta vez, tcharammmm, a casa caiu! E não foi só a casa. A máscara também caiu. Seu cotidiano foi invadido por uma câmera indiscreta e por uma irmã engenhosa exausta de "levar na cabeça". Coisas de criança.


Imaginem se nós brasileiros, atávicos às vezes, outras vezes cordatos e por que não dizer acomodados quase sempre, colocássemos câmeras indiscretas no recôndito político nacional! Quantas máscaras cairiam? Quanta sujeira já varrida para debaixo do tapete viria à luz? Quanta gente com "carinha de anjo" seria revelada como "anjo de cara suja"? E a pergunta principal: O QUE NÓS CIDADÃOS CONTRIBUINTES FARÍAMOS COM ESTAS INFORMAÇÕES? Talvez redundasse em algumas CPIs estéreis( aliás, até hoje não sei a serventia delas, uma vez que contra evidências não há argumentos), alguns gastos monetários, alguns cargos com polpudos salários e... Pronto! Tudo como dantes no Castelo de Abrantes.

E a Pizza sai do forno e cai na roda. Não foi o caso da pequerruxa do relato anterior que com certeza entrou no "sarrafo".


SAÚDE!!


Não. Não vou falar a respeito da tal gripe da moda com direito a griffe e tudo, pois esta já está instalada e já foi até promovida à categoria de PANDEMIA (deve ser porque é realmente uma Pândega, assim como pândegos são aqueles que a querem utilizar com fins eleitoreiros).

Quero falar a respeito da quantidade de remédios estocados e apodrecidos nos depósitos insalubres sob a responsabilidade de algumas prefeituras.

Isto não é problema recente.

Tive a oportunidade de acompanhar, na minha cidade de origem, o Calvário de uma senhora sem recursos ao tentar conseguir junto a prefeitura, medicamentos de uso contínuo e portanto de vital importância para a manutenção da sua qualidade de vida, e porque não dizer, da sua VIDA.

Pessoalmente me dirigi à farmácia municipal em busca do tal, ou dos tais, medicamentos. Fui informado de que eu precisaria de uma procuração da paciente, além dos documetos pessoais da mesma, bem como de laudos médicos, receitas multicores e de séries diversas, só faltaram me pedir o Diploma do médico que atendeu a minha amiga. Além do que, claro, me perguntaram porque diabos a criatura não comparecia pessoalmente à farmácia. Ao que respondi, já socando o balcão que por sorte era de madeira:"Porque ela é cega e assim ficou porque esperou demais a medicação competente, por causa de um sistema incompetente!".

Não vou me extender mais neste episódio. Mas em resumo, processei o município e ganhamos depois de um outro ordálio atróz, onde precisei utilizar toda a minha verve jurídica.

Isto é um exemplo do que anda sendo divulgado pela mídia a respeito da prefeitura de Natal/RN onde em seu depósito havia 1,5 milhão de frascos de medicamentos que agora irão para o lixo em virtude de estarem já fora do prazo de validade, sem contar os produtos que embora dentro do prazo, não podem mais ser utilizados em virtude das péssimas condições de armazenamento em que se encontram.

Agora a bomba. O Ministério da Saúde havia recomendado, vejam bem, recomendado, a reforma do depósito para o melhor acondicionamento dos produtos.

Pergunto eu: Recomendar é uma postura adequada para a autoridade máxima no país no tocante à Saúde Pública? E a fiscalização e a cobrança das medidas que deveriam ser tomadas?

É. La nave vá!