segunda-feira, 31 de agosto de 2009

EM BOCA FECHADA NÃO ENTRA MOSCA E NEM FORMIGA

Se a máxima do título fosse seguida à risca, de quantos dissabores as pessoas seriam poupadas!
Posso acrescentar outro dito popular: "O peixe morre pela boca".
Bem, já é do conhecimento mundial que a felicidade alheia irrita certas pessoas e as perturba. Desinquietas, então, partem para o ataque e destilam o seu fel plantando discórdias e suscitando dúvidas no raciocínio, às vezes já parco, de suas vítimas, que, não raras vezes por falta de opinião própria ou por possuirem uma personalidade fraca e pueril , depõem o seu pouco juízo e raciocínio aos pés destas nefastas criaturas, que nada mais fazem do que, sob um manto de bondade e retidão, minar e destruir os sonhos daqueles que se aproximam deles em busca de conselhos.
A tática é simples e bem conhecida de todos aqueles que fazem do pensar um hábito.
Primeiro, os "conselheiros"  escutam solícitamente todas as balelas que os "aconselhados" querem dizer por mais absurdas que possam ser ou parecer, mostrando-se solidários e cordatos.
Segundo, permitem que os "aconselhados" os perturbem às horas mais impróprias com as suas queixas e lamentos, tenham eles fundamento ou não, deixando com que a vítima crie a sua própria arapuca onde há de trancafiar-se inexorávelmente e de onde difícilmente conseguirá sair pois sempre achará o aljube agradável e seguro.
Terceiro, prestam favores aos "aconselhados"em horas extremas fazendo com que estes pensem serem eles "a última coca-cola no deserto", ou seja, ninguém mais teria uma atitude tão altruísta num momento tão difícil. Mal sabem os "aconselhados" que esta sensação já é o efeito do condão dos "conselheiros" criando uma dependência mórbida daqueles a estes, ou seja, os "aconselhados" acabam na ilusão de que "devem obrigação" aos "conselheiros" e que portanto tudo o que estes disserem ou fizerem será a Lei e porisso deve ser observada e seguida.
Quarto, os "conselheiros" começam as suas afirmações invariávelmente assim:" olha, não quero me meter na sua vida. Mas eu se fosse voce faria o seguinte:....." , ou ainda: "Não tenho nada com isso, mas no seu lugar....". Aqui vai um comentário apócrifo meu: Se as criaturas dizem ter nada com a vida do outro e também afirmam que não querem interferir na existência das criaturas, não seria mais lógico e coerente guardarem as suas opiniões para si, mesmo quando estas fossem pedidas pelos "aconselhados"? Este paradoxo jamais entendi e creio que jamais entenderei.
Quinto, Os "conselheiros" levam os "aconselhados" a pensarem que sómente eles  estão com a razão, que a humanidade toda está contra eles e que são vítimas da falsidade da sociedade (em casos mais avançados de dominação"os conselheiros" incutem nos"aconselhados" a idéia de que estes estão sendo vítimas da falsidade de um terceiro bem próximo, fazendo com que a confiança dos "aconselhados" neste último fique abalada, o que muito convém aos planos dos "conselheiros").
Sexto, já totalmente à mercê dos "conselheiros" os "aconselhados" os transformam em seu maior confidente, franqueando-lhes, à princípio, segredos banais, depois confiam-lhes quiçá a sua vida,  a sua intimidade.
Sétimo, o "conselheiro" diz ao "aconselhado" exatamente o que este quer ouvir. Da-lhe razão em tudo por mais bizarra que a idéia possa ser (não devemos esquecer que estamos tratando sobre a dominação de uma pessoa esperta e mal intencionada sobre uma outra que precisa da aprovação alheia para a sua afirmação como indivíduo), fazendo o "aconselhado" sentir-se aprovado em suas opiniões. Naturalmente, o "aconselhado" passará a sentir-se premido a concordar com as assertivas do "conselheiro", pois este tão graciosamente o apoiou nas suas idéias exdrúxulas.
Oitavo, o "aconselhado", agora já completamente cativo, passa a estranhar quando o "conselheiro" não faz aquele contato diário costumeiro (e este é um ardil do dito cujo que serve para testar o estágio da dominação) e se sente desamparado, sozinho e  abandonado, chegando ao cúmulo de pensar que ofendeu o seu carcereiro com alguma palavra ou gesto.
Nono, quando o "conselheiro" volta a fazer contato o "aconselhado" se sente outra pessoa, uma pessoa aceita, uma pessoa compreendida e, o que é o mais importante, chega a inefável conclusão de que que não ofendeu o seu cérbero em nada e que este continuará sendo o seu confidente e guardião dos seus segredos.
Décimo, agora o "conselheiro" manipula a sua vítima ao seu bel prazer, fazendo-o de marionete. Nada do que se diga fará com que a presa se rebele contra o seu algoz. O "conselheiro" está feliz. Logrou êxito.
Agora aqui vai o meu alerta aos "conselheiros" de plantão: A língua não tem osso e gaúcho gosta dela picadinha e ensopada. 
Que a terra lhes seja leve...ou não...
Voltaremos, apesar de tudo.