sábado, 15 de agosto de 2009

DO CÉU SÓ O QUE CAI É...


...Chuva, raio e avião.


Em geral as pessoas de uma forma ou outra acreditam em Deus. Por acreditar que Deus vive no céu esperam que de lá Ele manipule as situações cotidianas e que resolva os problemas humanos com o mesmo critério que usamos.

Na verdade as lendas de Adão e Eva, do Dilúvio e da Torre de Babel, servem bem para ilustrar como é que a coisa funciona na prática. Vou utilizar aqui a primeira como referência.

Deus, segundo a lenda, criou o Homem à sua imagem e semelhança e o colocou num lugar paradisíaco. A permanência do Homem neste lugar dependeria única e exclusivamente não da obediência, mas sim da subserviência da criatura ao seu Criador. Sem mais explicações Deus determinou que de "certa árvore" Adão e sua esposa não deveriam comer, nem ao menos toca-la. Em outras palavras, para manter a "boa vida" o par primevo teria de renunciar ao raciocínio lógico e ater-se únicamente à palavra, ou seja, ao "verbo" Divino, que, segundo as Escrituras "ditas" Sagradas, seria o princípio criador, o originador de todas as coisas tal como as conhecemos.

No caso da lenda Edênica, para que o paraíso, a ausência de necessidades materiais, a satisfação plena e a felicidade ilimitada fossem eternas era necessário obedecer, renunciar a vontade de pesquisar, de buscar conhecimento, de discordar, de evoluir intelectualmente e principalmente de ter opinião própria e expo-la; chamamos a isso de "obediência cega", afinal seria uma relação viciosa entre CRIADOR e CRIATURA onde a criatura deveria apenas OBEDECER.

O pagamento por todo o conforto do casal ADÃO e EVA seria então a renúncia da sua capacidade de pensar lógicamente.

Hoje em dia as renúncias são outras.

Onde antes havia a inércia, hoje temos de renuncia-la em favor da ação. Onde havia a ausência de raciocínio, hoje se faz necessário colocar os neurônios em funcionamento, onde antes tudo era criação de um terceiro ser Superior, hoje temos de nos reinventar diáriamente sob pena de nos tornarmos ultrapassados e cairmos no ostracismo. Antes bastava a obediência servil a um Criador para que o conforto fosse perene, hoje devemos obediência às leis do mercado. Hoje a vida é célere e não há lugar para a estagnação.

Cada um faz o seu próprio Édem, de acordo com a sua atitude estratégica e intelectual e com trabalho racional pois o único lugar onde o SUCESSO vem antes do TRABALHO é no Dicionário.


Voltaremos.