segunda-feira, 11 de maio de 2009

INVEJO OS BANDIDOS


Tenho fama de ser culto e inteligente. Si, pero no mucho, dada a vastidão do conhecimento humano.


Uma das minhas limitações é com relação à arte pictórica. Sou um verdadeiro Asno diante de um quadro deste ou daquele artista de vanguarda com os seus rabiscos, borrões e pinceladas que para mim são a esmo. Os entendidos, aqueles que ficam na frente dos quadros fazendo cara de conteúdo, dizem que aquele amontoado de manchas retrata uma "mensagem íntima" que o artista deseja transmitir a quem interessar possa. Trata-se, na verdade, do reflexo natural do ensimesmamento do autor mediante o fluxo racional e emocional do pensamento empírico do momento íntimo.


Voce entendeu?


Nem eu.


Pois bem. Já paguei King Kongs homéricos em situações onde fui, assim na marra confesso, à exposições de arte desta natureza.


Uma das piores gafes que cometi, foi quando olhando alguns quadros, digo, alguns borrões sobrepostos em uma tela, disse à pessoa que havia me convidado: -Putz, isto o meu filho também faz e faz melhor e olha que ele tem só tem um ano e meio! - Uma senhora muito bem vestida que estava a meu lado respondeu: - Então ele é um gênio! - E eu: - Não precisa ser um genio para atirar tinta colorida numa tela e veja a senhora que ainda tem gente que compra isso! - e ela: É. Eu tenho vendido bastante...- Fiz um leve aceno de cabeça e sumi. Nunca mais caio em outra. Agora calo a minha boca e também faço cara de conteúdo e não dispenso o polegar levantado na direção da obra (aliás até hoje não sei para que isso serve).

Em pleno Dia das Mães ladrões invadiram uma casa em um bairro nobre de São Paulo e roubaram obras de Tarsila do Amaral e de Cândido Portinari talvez porque estas obras retratem algo inteligível ou porque tais quadros já tenham sido de antemão "encomendados" por algum receptador do exterior. No primeiro caso os ladrões pegaram o que acharam interessante. No segundo os meliantes sabiam o que queriam e conheciam arte.

Porisso tenho inveja dos bandidos.