terça-feira, 18 de agosto de 2009

DO VAZIO


A alma.



Este elemento controvertido, ao mesmo tempo abstrato e concreto e tão suceptível ao caos e principalmente ao esvaziamento.



Como pode algo que não possui substância e nem é receptáculo de coisas terrenas, se esvaziar do que quer que seja?



Pois este mistério é indisvendável e a sua profundidade insondável.



Ah! e quando a alma se esvazia... seca... o olhar já não reflete absolutamente nada, parece que nunca houve um antes e que um depois, improvável tempo, perdeu-se desde o presente...



A morte é muito mais complacente. A danação de Dante alighieri parece um infinito paraíso diante do vácuo anímico sofrido pelo ser humano, não raras vezes num átimo de tempo os cardos nascem onde outrora era um fecundo jardim.


Todos os sentimentos adormecem num sono denso, negro, sem sonhos, sem perspectiva... E, a saga de sofrimentos tem o seu início cruel e avança inexoravelmente com uma voracidade febril capaz de abalar todas as estruturas do aparelho psiquico da vítima, tornando-a nada mais do que um ser anímicamente amorfo a vagar pelo tempo, sem nem ao menos dar-lhe o beneplácido da esperança para mitigar-lhe a dor da ausência do outro, da ausência de si.

E o corpo, este implacável Cérbero, aprisiona e mantém cativa esta que insistentemente quer abandona-lo para que, talvez, consiga em outro plano,o descanso e o lenitivo para a dor insuportável do caos, desta que anseia pelo rompimento das amarras e dos grilhões que a aprisionam num ambiente não mais propício à germinação do que quer que seja.

Voltaremos (talvez)